quarta-feira, 30 de junho de 2010

Brasil tem fome de educação

FOME DE EDUCAÇÃO
Herbert de Souza*
   Educação é fundamental e com isso todo mundo concorda. Mas,
na prática, o Brasil não consegue ir adiante e transformar
educação em prioridade nacional. Existem razões sérias e
profundas para isso e essas razões são políticas.
  Um país que decide investir em educação, como o Japão,
demonstra com isso que se leva a sério. Países que não investem
em educação colhem os frutos, vivem na miséria ou no
apartheid social. Porque, na verdade, educar é educar a todos,
é acabar com essa idéia de que alguns podem ter e saber de
tudo e outros não precisam sequer assinar o nome.
  Na nossa história, foi mais ou menos assim: no início, os
colonizadores portugueses mandavam seus filhos para estudar
em Lisboa. Iam estudantes, voltavam senhores. Foi assim que
se criou a casa grande e a senzala. Filho de branco, doutor.
Filho de negro, escravo analfabeto.

  Com o tempo a coisa continuou. Rico educado. Pobre sem
escola. E segue até agora. Uma minoria rica, que sabe tudo e

tem tudo, e uma maioria pobre que sabe o que pode e não pode
quase nada. Mas luta, mas vive, mas sobrevive, mas constrói
sua própria cultura. Inventa o Carnaval, faz música, faz
futebol, trabalha, vota contra quando pode, faz surpresas
contra as evidências das pesquisas e faz seu próprio Ibope.
Entra na contramão, surpreende, resiste, porque é gente, e
gente pensa mesmo quando não tem conta em banco, quando
não tem dinheiro, renda, ufir, urv, real ou irreal.
  E é assim que educação é prioridade. É o desejo de todos.

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