sexta-feira, 22 de julho de 2016

Violência nas favelas: Também uma questão de política pública na visão do professor Ederson


Explicar o conflito entre os jovens na pedreira Padro Lopes, não é algo impossível, é “apresentar uma prática recorrente da ação das drogas em relação às favelas”, aponta o professor Ederson Balbino em entrevista concedida à radio comunitária por telefone, na qual esclarece as razões dos confrontos que culminam sempre na morte de jovens.  
                                                                                                  
 Na avaliação dele, “a cultura da droga nos territórios populares entra numa ação de dominação, ostensiva, brutal, o que gera a morte de muitas pessoas. Quando o tema é drogas, jovens dependentes, a associação imediata com “mundo do crime”,  a “violência”, e a “marginalidade”. Acredito, sobretudo, que este é um problema que diz respeito à juventude do morro, da favela ou àqueles cujos pais não cuidam e deixam os filhos “largados” por aí. Acredito também que moradores fora dos aglomerados pensam que seus filhos estão imunes porque moram num bairro bom ou porque ele está longe das más companhias. Ai reside o perigo! Nenhuma família, independente de classe social, condição econômica ou local de residência está imune ao problema das drogas. Na maior parte das vezes o que ouço dos pais que me procuram no conselho tutelar me pedindo ajuda são frases como: - “foi sempre um bom filho, um menino carinhoso, mudou de uns dias para ca”; - “é uma jovem tão inteligente”; “ele era estudioso, só tirava notas boas”; e assim por diante. As atitudes do jovem que se tornou um viciado nos enganam quanto ao seu perfil, que vai associado com agressividade, furtos, roubos, que, na verdade, já são consequências do uso das drogas. Para surpresa destes pais, gosto sempre de dizer que a personalidade do usuário em potencial é de alguém muito cativante, amável, sensível e muito inteligente. Seu envolvimento com as drogas tem tudo a ver com ambientes ou más companhias. Mas o que o leva a buscar envolvimento com álcool e drogas são fatores, que passam decisivamente através da questão da educação, da auto-estima, e muitas vezes da depressão. O que muitos pais não sabem é que depende principalmente da forma como educam seus filhos para que estes venham ou não no futuro a se envolver com as drogas.
 Toda criança precisa de afeto e carinho para crescer de forma segura e sabendo valorizar a si mesma, descobrir suas capacidades e qualidades. Isto é fundamental para sua auto-estima. Por outro lado a criança necessita também de limite, regras e disciplina. A vida não é fácil e temos que nos preparar para as dificuldades e frustrações. Uma criança que vai sempre ser atendida em tudo, acredita que vai sempre poder fazer e conseguir tudo o que quer, quando encontrar uma barreira, uma dificuldade que não consegue superar, não irá apenas se frustrar, mas irá ficar deprimida. A falta de confiança em si e a incapacidade de suportar um “não” ou qualquer tipo de obstáculo vai levá-la, inevitavelmente, a buscar uma fuga diante dos seus problemas. Esta fuga poderá ser o álcool ou as drogas. Como se pode ver acima, dependência química é também ao meu ver uma questão de malandragem e banditismo, tendo como conseqüência o uso da violência, o que gera inúmeras mortes entre jovens.
Executivo, Legislativo e Judiciário, União, estados e municípios agem desarticuladamente e sem visão harmônica da questão das drogas. Especialistas reclamam da falta de dados que dimensionem o problema e da falta de uma abordagem única para drogas ilícitas
As políticas públicas, programas e órgãos, na União, estados e municípios, incluindo o Judiciário e o Ministério Público, estão desarticulados, pulverizados e não formam redes eficientes e integradas, essenciais tanto à prevenção e repressão quanto ao tratamento e reinserção social.
 Assim creio que devemos buscar de forma consensual uma maneira de combater estes carteis de drogas que insuflam a violência em nossas comunidades, em particular a pedreira Prado Lopes e o Sumaré, que são locais de povo pacifico e trabalhador, onde a ganancia por tênis caros, roupas de marca, motos e muitas novinhas fazem crescer a violência e a disputa por pontos de venda de drogas principalmente por jovens entre 14 e 22 anos.
  Penso quê, somente com a união de forças seremos capazes de vencer esta guerra.


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